E era assim toda vez que ele chegava ...
Era assim todo começo de madrugada.
Sons e gemidos ensurdecedores.
E quando a luz do dia invadia a janela,
e embora ele fosse,
Era o silêncio que minh’alma enlouquecia.
Os cartazes diziam:
“Diga não ao silêncio! Denuncie, quebre-o!”
“Diga não as drogas! Não Fume!”
Comecei a achar que tudo não passava de uma puta hipocrisia.
Na realidade, fora dos papéis e teoria,
a verdade é que tudo ao contrário acontecia.
Às vezes matavam e nem percebiam.
Sempre matavam e jamais percebiam.
Com os sons me comformava a cada dia.
Mas com o silêncio angustiava-me todos os dia.
Adulta e indefesa.
Santa e prostituta.
Conformada e angustiada.
Era desse jeito, que sobrevivia até o final da madrugada.Ana Lima